A definição que orientou esta seleção de “cinema
feminino” é filmes que: 1) defendam ou expressam valores femininos, 2) sejam dirigidos
e 3) protagonizados por mulheres. Embora não se trate de filmes alinhados como
a crítica feminista, se priorizou a escolha de narrativas que não reforcem as
relações de gênero com mulheres integradas em contextos tradicionais.
Vida
de Menina
(2003) - Direção: Helena Solberg
Pouco após a abolição da escravatura e a proclamação da
república no Brasil, Helena Morley (Ludmila Dayer) começa a escrever seu
diário, que revela seu universo e um país adolescente como a menina. Nesse
momento da vida Helena é magra, desengonçada e sardenta, além de se achar feia.
Não é boa aluna nem comportada como sua irmã Luizinha, tendo o apelido de
“Tempestade”. Mas Helena, como nenhuma outra garota de Diamantina, escreve. É
neste diário que Helena debocha e desmascara as pretensas virtudes alheias.
Procurando com sofreguidão não perder uma infantil alegria de viver, e
reinventando o mundo à sua maneira, Helena Morley é o diamante mais raro de
Diamantina.
Nome
de Família (2006)
- Direção: Mira Nair
Ashoke (Irfan Khan) e Ashima (Tabu) são jovens indianos
que têm seu casamento arranjado, seguindo as tradições locais. Eles deixam
Calcutá rumo a Nova York, onde iniciam uma nova vida e se conhecem melhor. Logo
eles têm um filho, Gogol (Kal Penn), nome dado em homenagem ao famoso autor
russo. Ao crescer Gogol passa a buscar sua própria identidade, tendo que lidar
com as tradições de sua família e seu direito de nascença americano. Ele passa
a rejeitar seu próprio nome e namora Maxine Ratliff (Jacinda Barrett), uma
garota rica. Enquanto planeja cursar arquitetura em Yale, Gogol se afasta cada
vez mais das tradições da família.
Rosa
Luxemburgo
(1986) - Direção: Margarethe von Trotta
Nascida na Polônia e doutora em Ciências Econômicas,
Rosa Luxemburgo torna-se uma das grandes líderes do movimento operário
revolucionário alemão, adere ao Partido Socialdemocrata alemão em 1898 e em
1914, rompe violentamente com essa agremiação. Rosa, a Vermelha, como era
conhecida, visceralmente internacionalista e antibelicista condena como uma
traição o apoio dos socialdemocratas à deflagração da Primeira Guerra Mundial.
Ao lado de Karl Liebknecht, junto com o qual fundou a Liga Spartakus, embrião do
Partido Comunista Alemão, a militante se embrenha cada vez mais no movimento de
massas, passando longos períodos na prisão.
Que
Horas Ela Volta?
(2015) - Direção: Anna Muylaert
A pernambucana Val (Regina Casé) se mudou para São
Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha Jéssica. Com muito
receio, ela deixou a menina no interior de Pernambuco para ser babá de Fabinho,
morando integralmente na casa de seus patrões. Treze anos depois, quando o
menino (Michel Joelsas) vai prestar vestibular, Jéssica (Camila Márdila) lhe
telefona, pedindo ajuda para ir à São Paulo, no intuito de prestar a mesma
prova. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, só que quando ela
deixa de seguir certo protocolo, circulando livremente, como não deveria, a
situação se complica.
What
Happened, Miss Simone?
(2015) - Direção: Liz Garbus
A vida da cantora, pianista e ativista Nina Simone
(1933-2003). Usando gravações inéditas, imagens raras, diários, cartas e
entrevistas com pessoas próximas a ela, o documentário faz um retrato de uma das
artistas mais incompreendidas de todos os tempos.
Precisamos
falar sobre o Kevin (2011)
- Direção: Lynne Ramsay
Eva (Tilda Swinton) mora sozinha e teve sua casa e
carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com
um novo emprego e vive temorosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação
vem de seu passado, da época em que era casada com Franklin (John C. Reilly),
com quem teve dois filhos: Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) e Lucy (Ursula
Parker). Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado,
desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando mas, mesmo
conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de
fazer.
Meu
Nome é Ray
(2015) - Direção: Gaby Dellal
Ray nasceu mulher, mas nunca se identificou com o
gênero e se prepara para fazer a cirurgia de transgenitalização. Sua mãe,
Maggie, tenta encontrar a melhor forma de lidar com a questão, mas a avó
homossexual de Ray, Dolly, recusa-se a aceitar a resolução e cria um conflito
familiar.
Hannah
Arendt (2012)
- Direção: Margarethe von Trotta
Hannah Arendt (Barbara Sukowa) e seu marido Heinrich
(Axel Milberg) são judeus alemães que chegaram aos Estados Unidos como
refugiados de um campo de concentração nazista na França. Para ela a América
dos anos 50 é um sonho, e se torna ainda mais interessante quando surge a
oportunidade dela cobrir o julgamento do nazista Adolf Eichmann para a The New
Yorker. Ela viaja até Israel, e na volta escreve todas as suas impressões e o
que aconteceu, e a revista separa tudo em 5 artigos. Só que aí começa o
verdadeiro drama de Hannah: Ela mostra nos artigos que nem todos que praticaram
os crimes de guerra eram monstros, e relata também o envolvimento de alguns
judeus que ajudaram na matança dos seus iguais. A sociedade se volta contra ela
e a New Yorker, e as críticas são tão fortes que até mesmo seus amigos mais
próximos se assustam. Hannah em nenhum momento pensa em voltar atrás, mantendo
sempre a mesma posição, mesmo com todo mundo contra ela.
A
Excêntrica Família de Antônia
(1995) - Direção: Marleen Gorris
Definido como uma celebração da vida e da morte, esta
co-produção entre Holanda, Bélgica e Inglaterra ganhadora do Oscar de Melhor
Filme Estrangeiro vai além ao contar a história de uma encantadora geração de
mulheres. Comandada por Antonia, a saga familiar atravessa três gerações,
falando de força, de beleza e de escolhas que desafiam o tempo. Nesse universo
conhecemos curiosos personagens, como o filósofo pessimista, a netinha superdotada,
a filha lésbica, a avó louca, o padre herege, a amiga que adora procriar, a
vizinha que sofre abusos sexuais e os muitos amigos que são acolhidos por sua
generosidade.
Persepolis
(2007) -
Direção: Marjane Satrapi
Marjane Satrapi (Gabrielle Lopes) é uma garota iraniana
de 8 anos, que sonha em se tornar uma profetisa para poder salvar o mundo.
Querida pelos pais e adorada pela avó, Marjane acompanha os acontecimentos que
levam à queda do xá em seu país, juntamente com seu regime brutal. Tem início a
nova República Islâmica, que controla como as pessoas devem se vestir e agir.
Isto faz com que Marjane seja obrigada a usar véu, o que a incentiva a se
tornar uma revolucionária.
Frida (2002) - Direção: Julie Taymor
Frida Kahlo (Salma Hayek) foi um dos principais nomes
da história artística do México. Conceituada e aclamada como pintora, ele teve
também um casamento aberto com Diego Rivera (Alfred Molina), seu companheiro
também nas artes, e ainda um controverso caso com o político Leon Trostky
(Geoffrey Rush) e com várias outras mulheres.
Pela
Janela (2016)
- Direção: Caroline Leone
Rosália (Magali Biff) é uma dedicada operária de 65
anos que dedicou a vida ao trabalho em um fábrica de reatores da periferia de
São Paulo. Certo dia acaba demitida e é consolada pelo irmão José (Cacá
Amaral), com quem vive. Ele resolve levá-la em uma viagem de carro até Buenos
Aires com o objetivo de distraí-la e no país vizinho Rosália vê pela primeira
vez um mundo desconhecido e distante de sua vida cotidiana.
Políssia (2012) - Direção: Maïwenn
Diariamente, um grupo especializado da polícia francesa
precisa lidar com duros crimes envolvendo crianças. A rotina envolve prisão de
pedófilos, interrogação de pais abusivos e o cronfronto com menores infratores.
Dentro deste universo, a vida privada de cada policial encontra pouco espaço,
apesar de ser difícil manter o equilíbrio entre as duas partes. Essa dinâmica
sofre sérias mudanças quando Melissa (Maïwenn), uma fotógrafa enviada pelo
Ministério do Interior, passa a acompanhar as missões.
O
Dia Em Que Me Tornei Mulher
(2000) - Direção: Marzieh Makhmalbaf
Três gerações de mulheres. Todas em confronto com o
pecado. A primeira delas é Hava, uma menina de nove anos. No dia do seu
aniversário, a mãe a proíbe de sair de casa, pois está se tornando mulher. Se
sair, estará pecando. A garota insiste, chorando. A avó, ao se lembrar que Hava
nasceu ao meio-dia, permite que ela dê uma última escapada, apenas para
despedir-se dos amigos. Uma garota vive para sua bicicleta. E está participando
de uma corrida feminina, mas, durante todo o tempo, é perseguida por seus
familiares que não aceita que ela seja uma esportista. Se ela persistir em
praticar o esporte, considerado por eles um gesto pecaminoso, será expulsa de
casa. Num aeroporto, uma senhora de cadeira de rodas se aventura comprando tudo
aquilo que nunca pôde ter na vida: geladeira, televisão etc. Pede que tudo seja
entregue numa praia, que será seu lar ideal e sua última casa.
Turista
Espacial (1996)
- Direção: Coline Serreau
Existe um planeta em que seus habitantes evoluíram a
tal ponto que vivem em perfeita harmonia com a natureza. De tempos em tempos,
alguns deles fazem excursões a outros planetas, seja para observá-los ou mesmo
ajudá-los em seu processo evolutivo. Curiosamente, há 200 anos que ninguém quer
vir para o planeta Terra. Até que um dia, por razões pessoais, uma mulher
decide se voluntariar. Ela aterrissa em Paris. O filme aborda de maneira
humorada temas variados como a fábula filosófica, a espiritualidade ativista, a
sustentabilidade, o anti-conformismo, a ecologia, o feminismo, o humanismo, o
pacifismo entre outros. Inspirador e divertido.
Meu
Nome É Jacque
(2016) - Direção: Angela Zoé
O documentário “Meu Nome é Jacque” aborda a diversidade
através da história de vida de Jaqueline Rocha Côrtes, uma mulher transexual
brasileira, que vive com Aids há mais de 20 anos. Militante pela causa, Jacque
tem a vida marcada por lutas e conquistas, chegando a trabalhar como
representante do governo brasileiro e na Organização das Nações Unidas. Hoje
casada e mãe de dois filhos, mora numa pequena cidade, levando uma vida voltada
para a maternidade, a família e a espiritualidade. Ao acompanhar o cotidiano de
Jacque e revisitar sua trajetória, este documentário apresenta, pouco a pouco,
os inúmeros desafios que foram rompidos por este rico personagem, levantando
uma reflexão sobre o preconceito, a homolesbotransfobia e essencialização das
pessoas e de suas características.
Certas
Mulheres (2016)
- Direção: Kelly Reichardt
Entre as vidas da advogada Laura Wells (Laura Dern), de
Gina Lewis (Michelle Williams) e da recém-formada Beth Travis (Kristen Stewart)
há pouca coisa em comum além do fato de que elas moram em Livingston, no estado
de Montana. No entanto, as circunstâncias de suas vidas farão com que suas
histórias se entrelacem de uma maneira íntima e profunda, ainda que distante,
conforme buscam seus lugares no mundo.
Maré,
Nossa História De Amor
(2007) - Direção: Lucia Murat
O filme “Maré, Nossa História de Amor” conta a história
de Analídia (Cristina Lago), filha de um chefe do tráfico de drogas preso, que
briga pelo poder com o irmão de Jonatha (Vinícius D’Black), na favela da Maré.
Separados pelo ‘apartheid’ entre as facções rivais, eles encontram no grupo de
dança da comunidade, dirigido por Fernanda (Marisa Orth), um refúgio para o
amor, a arte, o sonho e a possibilidade de uma vida longe do crime. Jonatha é
MC da comunidade e seu sonho é gravar um CD. Dividido entre os irmãos mais
velhos _ Paulo (Flávio Bauraqui), idealista, trabalhador e amante do samba e
Dudu (Babu Santana), irmão adotado, chefe de uma das facções que comandam o
tráfico na favela, ele vive o dilema de aceitar ou não a ajuda deste último,
que promete financiar sua carreira com o dinheiro das drogas.
E
Agora, Para Onde Vamos?
(2007) - Direção: Nadine Labaki
Muçulmanos e católicos vivem em uma pequena comunidade
no Líbano, cujo único elo de ligação com o mundo exterior é uma velha ponte,
cercada por antigas minas terrestres que jamais foram removidas. O sinal de TV
pega muito mal, o que faz com que não tenham muitas notícias sobre o que
acontece no mundo. Apesar da comunidade ser dividida religiosamente, ela vive
em paz. Até mesmo a igreja e a mesquita dividem espaço em uma mesma casa. Até
que, um dia, os homens da comunidade começam a brigar entre si. É quando as
mulheres entram em ação, procurando meios de mantê-los ocupados, de forma que
não possam entrar em conflito.
A
Vida Secreta das Abelhas
(2008) - Direção: Gina Prince-Bythewood
Carolina do Sul, 1964. Lily Owens (Dakota Fanning) é
uma garota de 14 anos atormentada pelas poucas lembranças que tem da mãe
falecida em um trágico acidente causado por ela. Decidida a fugir da solidão e
do relacionamento complicado com o pai, T. Ray (Paul Bettany), Lily foge de
casa com sua empregada Rosaleen (Jennifer Hudson) e segue a única pista que
pode levar ao passado de sua mãe numa pequena cidade do interior. Lá ela
conhece August (Queen Latifah), a mais velha das irmãs Boatwright, dona de um
tradicional apiário da cidade e que também conhece alguns segredos do passado
de sua mãe.
Selma:
Uma Luta Pela Igualdade
(2014) - Direção: Ava DuVernay
Em 1964, enquanto Martin Luther King Jr. recebe seu
Nobel da Paz, diversos afro-americanos, como Annie Lee Cooper de Selma, ainda
não têm acesso a inscrição nos cadernos eleitorais. Para garantir o direito de
voto para todos os afro-americanos, Martin Luther King então reúne-se com o
Presidente Lyndon B. Johnson, para que ele possa criar uma lei que proteja os
negros que querem votar. Martin, em seguida, vai para Selma, no interior do
Alabama, com Ralph Abernathy, Andrew Young e Diane Nash. Lá eles encontram
vários ativistas da Conferência da Liderança Cristã do Sul (SCLC). Como Martin
Luther King se torna importante, John Edgar Hoover tenta convencer o presidente
Johnson para monitorar e prejudicar ainda mais seu casamento com Coretta King.
Como as tensões vão aumentando, King e seus sócios decidem realizar as Marchas
de Selma a Montgomery, enfrentando a violência das forças policiais locais,
liderados pelo xerife Jim Clark e o Governador George Wallace.
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