quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Notas sobre a noção de Escola


O que é Escola?

Escola, como todos sabemos, é uma instituição de ensino. Entre as instituições de ensino, ele especifica aquelas voltadas para formação básica, seja na educação infantil, seja em alguns ofícios profissionais (escola de belas artes, escola militar, etc).

A escola é uma instituição recente e latina. Na idade média, só se lia e escrevia em latim. Ninguém sabia escrever na língua falada. A alfabetização dos países protestantes se deu dentro de casa, aprendendo a ler a bíblia. Enquanto o mundo protestante aprendia dentro de casa, as escolas ligadas à igreja passaram, depois de um bom tempo, a instrução do alfabeto das línguas faladas. A missão social da escola como instituição moderna seria a alfabetização e a memorização das quatro operações matemáticas básicas. 

A Escola de Sagres (1417), enquanto um projeto progressivo e sistemático de acumulação de conhecimento voltado para navegação e para geografia, é um marco importante na história da humanidade. A escola moderna também se baseia na pesquisa do que ainda não se sabe e não apenas na repetição do já conhecido.

A sociologia da educação clássica (Durkheim, Parsons, entre outros) definiram a ‘socialização’ como principal objetivo ou função da escola. ‘Socializar’ significa preparar indivíduos relativamente autônomos para sociedade. Os críticos enfatizam a massificação, a uniformização industrial das pessoas. Os encantados sonham com o cultivo de seres criativos, singulares, preparados para solução dos problemas que encontrarem na vida. A ideia básica, no entanto, é a mesma: a escola forma para sociedade (ou para o mercado).

A sociologia da educação contemporânea também pensa a escola sob a duas óticas.

Foucault e Bourdieu

Também há discursos críticos atuais que pensam a escola como uma instituição de disciplina e controle, que inibe mais do que enriquece o desenvolvimento ser humano.

Em Vigiar e Punir (1987) Michel Foucault apresenta a escola é uma instituição de confinamento da sociedade disciplinar, e, assim como a fábrica e o hospital, funciona sob o design modelo da instituição penitenciária, o panóptico, um regime de visibilidade em que o carcereiro vê todos os presos isolados. Essa centralidade do poder em relação aos dominados pode ser vista na imagem do professor falante diante de uma sala com filas de cadeiras de estudantes passivos. E o objetivo das instituições de confinamento é adestramento dos corpos em relação aos desejos; é impor rotinas de vida uniformizadas, produzindo o cotidiano como cultura.

Mesmo sem conhecerem a internet, Foucault e Deleuze (1992) decretaram que estamos saindo da sociedade de disciplina para uma sociedade de controle “em redes a céu aberto”, baseada em cifras e senhas. Nesse novo modelo, as instituições de confinamento (entre elas, a escola) tendem a desaparecer do ponto de vista territorial e/ou a se transformar em novas formas organizações descentralizadas de interação à distância.

Outra visão crítica importante é a de Pierre Bourdieu, principalmente no A Reprodução – Elementos para uma teoria do sistema de ensino (2014). Para ele, a escolar tem uma dupla função: a) transmitir capital cultural entre as gerações e b) reproduzir e ampliar as desigualdades sociais entre as classes.

A escola manifesta uma ‘indiferença às diferenças’ no processo de transmissão do capital cultural. Todos são tratados como ‘iguais’ embora sejam ‘diferentes’. Esse enquadramento simbólico de todos à igualdade é um fator violento de desqualificação da maioria. A uniformização das diferenças é uma violência simbólica. A noção de violência simbólica vem do consentimento dos dominados. Ela é uma imposição dos dominantes diante da submissão voluntária dos dominados.

No caso da escola (pública e gratuita) francesa estudada, Bourdieu argumenta que transmissão primária de capital cultural é feita dentro da família e que a educação escolar é uma transmissão secundária que amplia o capital daqueles que os já detém e que desqualifica a maioria que dele carece. Assim, ele reforça culturalmente uma desigualdade social já existente.

O interacionismo simbólico

E há discursos encantados e encantadores, como o interacionismo simbólico, que consideram a escola como um filtro entre a sociedade e o eu, um ninho, um espaço protegido voltado para o desenvolvimento do Self, a partir das interações entre o ego e o outro. O objetivo principal da educação nessa versão é aprender a se colocar no lugar dos outros. A escola é um lugar encantado e encantador por excelência.

Mente, self e a sociedade (do Ponto de Vista de um behaviorista social) George Herbert Mead é o principal do interacionismo simbólico de crítica a Skinner e ao comportamentalismo. Ele não nega, assimila o adestramento animal do corpo através de reforços e castigos, submetendo-o a consciência moral do Self, construído através da escola.

As novas tecnologias reforçam essa tendência anglo-saxã de considerar a escola (e/ou o professor) como algo desnecessário? O aprendizado “sem paredes” é o mesmo que "sem mediação"? Como é a adaptação (a real e a ideal) da escola à sociedade em rede?

sábado, 11 de agosto de 2018

mapa dos multiversos

OS UNIVERSOS MARVEL E DC
A importância da descrição e da comparação dos modelos de universo da DC e da Marvel é enorme, não apenas do ponto de vista teórico (uma discussão de física quântica) e narrativo (eles representam formas diferentes de contar estórias: o modelo DC é fechado de multiplicidade interna; o modelo Marvel é aberto e sua pluralidade cresce para fora), mas, sobretudo, editorial – uma vez que toda indústria de entretimento está se transmidiatizando e adotando universos narrativos para organizar suas estórias em várias mídias.
A DC trabalha com quatro universos, cada um com uma linha de tempo própria e diferenças substanciais: o Universo DC nos quadrinhos, o Universo Estendido DC (filmes), o universo de desenhos animados e o "Universo Arrow" na televisão de séries.
Lista de longas metragens de animação.

O universo DC é mais tradicional (imitando os antigos universos tradicionais, voltado para o passado) e o da Marvel é mais ‘moderno’ (são aventuras imprevisíveis, voltadas para o futuro). O design completo desses modelos de universos narrativos (incluindo os recursos de reboot, redcom, crossover, etc) são paradigmas para o planejamento de marketing das narrativas seriadas transmídias.
Para se ter noção das dimensões reais do design de universo da DC é preciso distinguir quatro elementos básicos dos universos narrativos: a) mapas geográficos; b) a linha do tempo atual; c) lista de personagens; e d) sequencia histórica e editorial de arcos narrativos (séries de histórias) – coincidindo com o final da linha do tempo.
A Marvel integra melhor as diferentes mídias de uma única linha de tempo narrativo, mas se permitindo contar diferentes versões da mesma história.
Marvel Cinematic Universe integra cinema e televisão em uma mesma linha do tempo, mesmo que todos os personagens não estejam franquiados para diferentes mídias – como é o caso de Guerra Infinita, que no cinema não conta com o Quarteto Fantástico e com o Surfista Prateado.
Listas de séries e longas de animações da Marvel:
O design do universo Marvel também pode ser dimensionado a partir de quatro elementos básicos: a) mapas geográficos; b) a linha do tempo atual (o multiverso Marvel tem uma escala de tempo móvel); c) lista de personagens; e d) sequencia histórica e editorial de arcos narrativos.
Além de mais probabilístico e flexível (permitindo o gerenciamento de várias estórias em vários produtos diferentes simultaneamente), o multiverso Marvel tem uma arquitetura mais complexa, é menor do ponto de vista espacial e mais coletivo do que o universo narrativo da DC. O Universo Marvel é composto por 17 grupos de super-heróis: Os Defensores; X-Men; Novos Mutantes; X-Factor; Excalibur; X-Force; Quarteto Fantástico; Inumanos; Vingadores; Vingadores da Costa Oeste; Jovens Vingadores; Tropa Alfa; Thunderbolts; Heróis de Aluguel; Guarda do Infinito; Os Supremos; e Guardiões da Galáxia. 

O Universo Marvel, ambientado em Nova Iorque, começou mais realista que o da DC, localizado em cidades fictícias como Gotham City e Metrópoles. Porém, em pouco tempo, a Marvel criou lugares imaginários e a DC passou a se referenciar geograficamente na realidade. Ambos universos também são formados por planetas reais e imaginários, como também de diferentes tipos de dimensões alternativas. O universo Marvel é mais múltiplo e menos extenso do que o a DC.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Marvel Cinematic Universe


1. Capitão América: O Primeiro Vingador [Filme]
Ano de lançamento: 2011
2. Agente Carter – Primeira temporada [Série]
Ano de lançamento: 2015 (série interrompida pela ABC)
3. Agente Carter – Segunda temporada [Série]
Ano de lançamento: 2016 (série interrompida pela ABC)
4. Homem de Ferro [Filme]
Ano de lançamento: 2008
5. O Incrível Hulk [Filme]
Ano de lançamento: 2008
6. Homem de Ferro 2 [Filme]
Ano de lançamento: 2010
7. Thor [Filme]
Ano de lançamento: 2011
8. Os Vingadores [Filme]
Ano de lançamento: 2012
9. Homem de Ferro 3 [Filme]
Ano de lançamento: 2013
10. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Primeira temporada, episódios 1 a 7 [Série]
Ano de lançamento: 2013
11. Thor: O Mundo Sombrio [Filme]
Ano de lançamento: 2013
12. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Primeira temporada, episódios 8 a 15 [Série]
Ano de lançamento: 2013
13. Capitão América: O Soldado Invernal [Filme]
Ano de lançamento: 2014
14. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Primeira temporada, episódios 16 a 22 [Série]
Ano de lançamento: 2013
15. Guardiões da Galáxia [Filme]
Ano de lançamento: 2014
16. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Segunda temporada, episódios 1 a 19 [Série]
Ano de lançamento: 2014
17. Demolidor – Primeira temporada [Série]
Ano de lançamento: 2015
18. Vingadores: Era de Ultron [Filme]
Ano de lançamento: 2015
19. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Segunda temporada, episódios 20 a 22 [Série]
Ano de lançamento: 2014
20. Homem-Formiga [Filme]
Ano de lançamento: 2015
21. Jessica Jones – Primeira temporada [Série]
Ano de lançamento: 2015
22. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Terceira temporada, episódios 1 a 10 [Série]
Ano de lançamento: 2015
23. Demolidor – Segunda temporada [Série]
Ano de lançamento: 2016
24. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Terceira temporada, episódios 11 a 19 [Série]
Ano de lançamento: 2015
25. Capitão América: Guerra Civil [Filme]
Ano de lançamento: 2016
26. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Terceira temporada, episódios 20 a 22 [Série]
Ano de lançamento: 2015
27. Luke Cage – Primeira temporada [Série]
Ano de lançamento: 2016
28. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Quarta temporada, episódios 1 a 11 [Série]
Ano de lançamento: 2016
29. Doutor Estranho [Filme]
Ano de lançamento: 2016
30. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Quarta temporada, episódios 12 a 22 [Série]
Ano de lançamento: 2016
31. Punho de Ferro – Primeira temporada [Série]
Ano de lançamento: 2017
32. Guardiões da Galáxia Vol. 2 [Filme]
Ano de lançamento: 2017
33. Homem-Aranha: De Volta ao Lar [Filme]
Ano de lançamento: 2017
34. Os Defensores [Série]
Ano de lançamento: 18 de Agosto de 2017
35. Inumanos [Série]
Ano de lançamento: 29 de Setembro de 2017 (série interrompida pela ABC)
36. Thor: Ragnarok [Filme]
Ano de lançamento: 2 de Novembro de 2017
37. Justiceiro – Primeira temporada [Série]
Ano de lançamento: 17 de Novembro de 2017
38. Fugitivos [Série]
Ano de lançamento: 21 de Novembro de 2017
Download [EM BREVE]
39. Agentes da S.H.I.E.L.D. – Quinta temporada [Série]
Ano de lançamento: 2017 (ESPERANDO EPS DUBLADO)
40. Pantera Negra [Filme]
Ano de lançamento: 15 de Fevereiro de 2018
41. Jessica Jones – Segunda temporada [Série]
Ano de lançamento: 2017
42. Vingadores: Guerra Infinita [Filme]
Ano de lançamento: 26 de Abril 2018

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

ARQUEOLOGIA DOS SUPERVILÕES



Resumo: o presente texto problematiza o conteúdo simbólico e a representação do mal através dos vilões dos dois principais universos narrativos das histórias em quadrinhos (DC Comics e Marvel). Através da noção de Anti-sujeito de Greimas, analisa-se cada personagem e como ele se encaixa em seu universo narrativo. O objetivo é, a partir de uma arqueologia de antagonistas, esbouçar uma anatomia do mal narrativo em suas variadas versões.
Palavras-chave: Comunicação midiática1; Histórias em quadrinhos2; Representação do mal3;