quarta-feira, 25 de julho de 2018

filmes anarquistas

Reds - Direção: Warren Beatty - 1981

Pouco antes da Primeira Guerra Mundial John Reed (Warren Beatty), um jornalista americano, conhece Louise Bryant (Diane Keaton), uma mulher casada, que larga o marido para ficar com Reed e se torna uma importante feminista. Eles se envolvem em disputas políticas e trabalhistas nos Estados Unidos, e vão para a Rússia a tempo de participarem da Revolução de outubro de 1917, quando os comunistas assumiram o poder. Este acontecimento inspira o casal, que volta aos Estados Unidos esperando liderar uma revolução semelhante.
O Grupo Baader Meinhof - Direção: Uli Edel - 2008

Alemanha, anos de 1970. Ataques de homicidas com bombas, a ameaça do terrorismo e o medo de um inimigo infiltrado estremecem as fundações da ainda frágil democracia germânica. Os radicais filhos da geração nazista, liderados por Andreas Baader, Ulrike Meinhof e Gudrun Ensslin lutam uma violenta guerra contra aquilo que eles denominam a nova face do facismo: o imperialismo americano apoiado pelo establishment alemão, sendo muitos dos seus membros com passado nazista. O objetivo do grupo é criar uma sociedade mais humana; mas ao empregar membros desumanos, o que fazem é espalhar o terror e derramar sangue, perdendo assim a própria humanidade. Ironicamente, o único que os compreende é também aquele que os caça: o chefe da polícia alemã, Horst Herold. Ao mesmo tempo em que obtém sucesso em sua cruel perseguição contra os jovens terroristas, Horst também sabe que está lidando apenas com uma ponta do iceberg.
Edukators – Os Educadores - Direção: Hans Weingartner - 2004
Jan (Daniel Brühl) e Peter (Stipe Erceg) são “Os Edukadores”: de forma criativa e sem violência protestam contra as injustiças sociais invadindo mansões para deixar um aviso, aos milionários, de que “seus dias de fartura estão contados”.Quando Jule, namorada de Peter, resolve participar dessa atividade invadindo a casa de Hardenberg com Jan, enquanto Peter está viajando, a história dá uma guinada inesperada: segredos são revelados, sentimentos descobertos e os “edukadores” terão que mudar radicalmente sua estratégia de protesto.Edukators – Os Edukadores fala das revoluções sociais de uma forma absolutamente original, colocando todos os lados da questãoo em uma mesma mesa. O filme fala de injustiça, companheirismo, triângulo amoroso, questionamentos filosóficos e seqüestro.
A Onda - Direção: Dennis Gansel - 2008
Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.
Os Anarquistas - Direção: Élie Wajeman - 2015
Paris, em 1899, um militar de origem humilde é escolhido para se infiltra num grupo de anarquistas, com a promessa de uma promoção caso a missão seja bem sucedida. Enquanto fornece relatórios aos seus superiores, ele começa a questionar a operação e desenvolve sentimentos pessoais por membros do grupo anarquista. Filme de abertura da Semana da Crítica no Festival de Cannes 2015.
Terra e Liberdade - Direção: Ken Loach - 1995
Após a morte de seu avô, uma adolescente decide vasculhar seus documentos e descobre que ele era um veterano da Guerra Civil Espanhola. Durante sua juventude, David (Ian Hart) se juntou ao Partido Comunista e logo se aliou ao POUM (Partido Obrero de Unificación Marxista). Ele deixou a Inglaterra para lutar contra os fascistas na Espanha em 1936, vendo seus sonhos e ideologias serem postos à prova.
Libertarias - Direção: Vicente Aranda -  1996
Catalunha, 19 de julho de 1936. Com a deflagração da Guerra Civil Espanhola, a freira Maria é forçada a fugir de seu convento. Ela encontra refúgio num bordel, até este ser liberado por um grupo de mulheres anarquistas. Maria entra para o grupo e acaba por tomar parte em suas ações. Estas mulheres enfrentam o problema de ter de lutar, não só contra os nacionalistas, bem como de resistir às facções de esquerda que tentam impor uma estrutura militar mais tradicional.
Sacco & Vanzetti - Direção: Giuliano Montaldo - 1971
Boston, início dos anos 20. Nicola Sacco (Riccardo Cucciolla) e Bartolomeo Vanzetti (Gian Maria Volonté) são dois imigrantes italianos, sendo o primeiro um sapateiro e o outro um peixeiro, que são detidos pela polícia. Ninguém negava que eram anarquistas, na verdade eles mesmo admitiam, pois acreditavam que era a única forma de o homem ser explorado pelo homem. Porém era duvidoso que Sacco e Vanzetti fossem culpados de um assassinato, que aconteceu em 15 de abril de 1920. O julgamento deles deixou de ser algo baseado na justiça e sim na política, pois deviam ser condenados por serem estrangeiros e seguirem uma doutrina política que se opunha ao conservadorismo, que tinha as rédeas do poder nos Estados Unidos.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Kerckhove

McLuhan Pós-moderno ou Revolução Tecnopsicológica

A Pele da Cultura (Uma investigação sobre a nova realidade eletrônica). Autor: Derrick de Kerckhove. Original: The Skin of Culture (Investigating the New Electronic Reality) foi publicada pela Somerville House Books Limited, Toronto, Ontário, Canadá, em 1995. Tradução portuguesa: Luis Soares e Catarina Carvalho. Coleção Mediações, dirigida por José Bragança de Miranda. Lisboa: Relógio D'Água Editores, março de 1997. 294 páginas.

"Os arquitetos de Babel foram punidos por aquilo que os tornava orgulhos: a universalidade de sua linguagem" - comentou Kerckhove pela Internet sobre os atentados terroristas ao World Trade Center. Ele, na verdade, retomou um dos temas de seu livro A Pele da Cultura, em que compara o mito bíblico da destruição da Torre de Babel e das muralhas de Jericó com o fenômeno de uma 'catástrofe de software', isto é, de uma implosão da linguagem universal em novos e variados padrões. "A overdose de informação é permite visualizar a repetição de um padrão. Não foi apenas um atentado terrorista contra um alvo simbólico do capitalismo, houve uma ruptura com um padrão saturado de ver o mundo. Osana Bin Laden derrubou a crença do ocidente em sua razão materialista".

Desconcertante? Talvez isso seja o mínimo do que se pode dizer das idéias do professor canadense Derrick de Kerckhove, diretor, há mais de vinte anos, do Programa de Cultura e Tecnologia da Universidade de Toronto; aluno-assistente, colaborador e sucessor do pensamento de Marshall McLuhan. Sucessor porque Kerckhove, em vários sentidos, superou o seu mestre tanto em suas qualidades (principalmente na análise da televisão) como em seu estilo fragmentário e aparentemente superficial, cheio de frases de efeito e profecias bombásticas. McLuhan para quem não está lembrado é o autor dos livros 'A Galáxia de Gutenberg' e 'Os meios de comunicação com extensões do homem' e das frases "O meio é a mensagem" e "O mundo será uma aldeia global" (entre outras talvez mais importantes e menos conhecidas como: "A inflação é a falta de identidade do dinheiro" e "Quando a informação se move a uma velocidade elétrica, o mundo das tendências e dos rumores torna-se o mundo 'real'" -  por exemplo). 

E, como dissemos, Kerckhove não fica atrás de seu mestre: para ele, por exemplo, o dinheiro e o alfabeto estão com seus dias contados. É que a desmaterialização da economia, a virtualização cada vez maior dos valores de suas referências físicas, estão, pouco a pouco, substituindo a codificação fonética pela imagem e transformando o dinheiro em informação. A idéia de crítica à cultura do alfabeto como uma forma de tecnologia e de um retorno à tecnologia audio-visual através da TV já existia em McLuhan e também, em sua forma reciclada, no pensamento do filósofo francês Pierre Levy (com o qual, aliás, Kerckhove mantém interessante diálogo sobre o conceito de inteligência coletiva). Porém, a originalidade de Kerckhove está relacionado à sua genial análise da origem e do destino lingüísticos do dinheiro, embutidos em uma simples constatação: "O dinheiro teve na sociedade o mesmo papel do relógio na unidade de processamento do computador - sincronizar todos os cálculos que a máquina faz." Ora, se a máquina de sincronia social passa a se reconhecer enquanto tal, ela então não precisa mais de lastro material ou de qualquer tipo de equivalência física: o dinheiro volta a ser informação.

Reparem, porém que, ao contrário do idealismo de McLuhan que sonhava com um futuro próximo utópico, Kerckhove estuda um passado ainda parcialmente presente, uma realidade que não é partilhada por todos e é construída em nome de todos: a Telecracia

E mais: Kerckhove não é, como seu mestre, um entusiasta da globalização. Ele teme a guerra e o nacionalismo. Mas é sobretudo no estudo sobre a televisão que mestre e aluno mais se aproximam e mais se distanciam: ambos descrevem a mídia eletrônica como uma extensão, não só do sistema nervoso e do corpo, mas também da imaginação e da consciência humanas. Para ambos, a TV fala ao corpo e não à mente. Sendo que, enquanto McLuhan louva a televisão como uma grande conquista da humanidade, vendo nessa exteriorização do inconsciente social apenas como uma psicopedagogia pública; Kerckhove compreende a mídia eletrônica também como um órgão de controle e análise do corpo social. E um órgão também sujeito a mudanças sociais, pois, para ele, as redes de computadores estão prestes a engolir a televisão e se pulverizar em vários objetos-prótese ligados em rede (roupas, acessórios, veículos, etc). 

Kerckhove observa ainda, devido a esta implosão nanotécnica, a crescente e progressiva perda das fronteiras psicológicas entre o eu e o meio ambiente. Como McLuhan e Levy, ele aponta a Literacia (o império da escrita como modelo social dominante) como a responsável pela 'privatização da mente' e na criação artificial da idéia de um 'eu' individual uniforme; porém Kerckhove crê que com Telecracia e agora com as redes audiovisuais a distinção entre espaço e identidade poderá ruir definitivamente. O ego será politicamente incorreto. 

Assim, os meios de comunicação são extensões do homem, mas o homem também faz parte da máquina social: somos extensões biológicas de um sistema de cognição coletiva, somos apenas a Pele da Cultura: "Eu sou a Terra a olhar para si mesma". E é essa inversão do enfoque original mcluhaniano que faz Kerckhove, não apenas um mero continuador de seu mestre, mas um pensador singular que superou dialeticamente sua maior influência: "A melhor vingança contra as psicotecnologias que nos transformam em extensões delas próprias é incluí-las dentro de nossa psicologia pessoal. Um novo ser humano está a nascer."

Agora  a analogia inicial entre o ataque terrorista ao World Trade Center e o mito da queda da Torre de Babel se explica melhor: longe de apoiar as ações anti-americanas dos extremistas islâmicos, o evento representa, na leitura de Kerckhove, uma passagem decisiva da Literacia para Telecracia, um marco em relação ao desenvolvimento da linguagem humana, em que a imagem em tempo real superou a lógica das palavras e das interpretações.
Resumindo: Derrick de Kerckhove é o mais desconcertante autor contemporâneo e seu livro 'A Pele da Cultura' é, como diz seu ciber-confrade Pierre Levy, "o manifesto da psicotecnologia". 

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Rubayat de Pessoa


Eu já conhecia a tradução de Alfredo Braga para os  de Omar Khayan.
Também já conhecia O vinho do Místico, a versão comentada por Paramahansa Yogananda.
Mas, só agora descobri os estudos de Fernando Pessoa
O fim do longo, inútil dia ensombra.
A mesma esperança que não deu se escombra,
Prolixa… A vida é um mendigo bêbado
Que estende a mão à sua própria sombra.

Dormimos o universo. A extensa massa  
Da confusão das cousas nos enlaça.
Sonhos; e a ébria confluência humana
Vazia ecoa-se de raça em raça.

Ao gozo segue a dor, e o gozo a esta.
Ora o vinho bebemos porque é festa,
Ora o vinho bebemos porque há dor.
Mas de um e de outro vinho nada resta.

Contém o fruto inteiro tantos gomos
Quantos são os que nele. Mudos pomos
A fé em mãos que nada têm com ela.
Viver é nos tornar o que já somos.

Vimos de nada e vamos para onde.
Perguntamos, e nada nos responde,
 A verdade e a mentira são irmãs:
O que é que o evidente nos esconde?

Bordei a conclusões a externa prova.
Minha memória emudeceu de nova.
Não fui rei, nem fui paria, nem estive entre,
Corcunda, o fado não me deu corcova.

Amei ou não amei? Não sei dizer.
Quis ou não quis? Recordo sem saber.
O que foi, e o que fora se se dera,
Na mesma cova estão. Mas que é morrer?

Os doze signos de seu régio curso
Passou o sol, no imposto seu percurso.  
Sem mágoa morre o que nasceu sem esperança,
E o resto é amor ou vinho, ou vão discurso.

Entre gente que é vil, e outra que é serva,
Passam meus dias, como um verme entre erva.
Humilde absurdo exótico dos deuses,
Arrasto-me, mas sinto o deus que observa.

A esperança, como um fósforo inda aceso,
Deitei, e entardeceu no chão ileso.
A falha social do meu destino
Reconheci, como um mendigo preso.

Cada dia me traz com que esperar
O que dia nenhum poderá dar.
Cada dia me cansa da esperança…
Mas viver é esperar e se cansar.

O prometido nunca será dado
Porque no prometer cumpriu-se o fado.
O que se espera, se a esperança é gosto,
Gostou-se no esperá-lo, e está acabado.

Quanta nobre vingança contra o fado
Me deu o verso que a dissesse, e o dado
Rolou da mesa abaixo, oculta a conta,
Nem o buscou o jogador cansado.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Os novos deuses

DEUSES AMERICANOS E OS TRÊS FATORES DO ECOSSISTEMA MIDIÁTICO

Monografia de conclusão de curso apresentada ao Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à conclusão do curso.

por DANIELLE LISBOA FONTES
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Batgirl ressurge


Após um longo período longe das ruas da cidade fictícia Gotham, a personagem Barbara Gordon retorna aos quadrinhos como a protagonista das revistas da heroína Batgirl apresentando diferenças narrativas e estilísticas em seu conteúdo. Questões que são possíveis de serem observadas utilizando uma retrospectiva do alter ego Batgirl que foi criada há 50 anos e adaptada de diferentes formas, não só nas histórias em quadrinhos, mas também para a mídia audiovisual. Uma das questões centrais deste trabalho é refletir sobre como a mulher é representada através da figura da Batgirl.
Baixe aqui.

Monografia de conclusão do curso de jornalismo/comunicação da UFRN, de Bárbara de Souza Aragão (2018).