sábado, 28 de março de 2020

PANDEMIA, PANDEMÔNIO



O surto internacional do Corona Vírus desencadeou uma série de efeitos colaterais de dimensões assustadoras. A recessão mundial, o desemprego estrutural e a necessidade de reorganização da produção em novos padrões de consumo tornaram-se questões vitais, ameaçando a supremacia social do mercado diante do estado e da sociedade civil.
Os países se dividem entre quem prefere financiar o mercado (mantendo os empregos e o atual modelo de negócios) e os que direcionam seus recursos para ajudar as pessoas, através de programas de renda básica universal. Nos EUA, Trump dividiu os recursos ao meio para atendar às duas demandas de modo demagógico.
Na Europa, por outro lado, a renda mínima universal não é apenas um modo de financiar o consumo e, indiretamente, a produção; é também uma forma de investir nas pessoas e diminuir problemas sociais futuros. Para eles, escolher e valorizar as pessoas é a única forma do mercado sobreviver.
Também precisa ser dito que os programas de renda mínima universal (associados à educação e à saúde) são a resposta social adequada, não apenas para diminuir as desigualdades sociais (verticais e regionais), mas também para desestabilizar a desigualdade de gênero - porque dificulta a exploração capitalista do homem sobre o homem e a dominação patriarcal que os homens exercem sobre as mulheres. Os programas criam um novo patamar para o desenvolvimento humano. Por isso, a bandeira de renda mínima universal é tão importante. Ela deve ser a principal bandeira política em vários países depois desse apocalipse corona.
Aqui no Brasil, além do vírus letal e da crise econômica provocada pelo confinamento, temos também que nos defender da ganância dos comerciantes e de outros que aproveitam do momento para ganhar dinheiro, das loucuras de um presidente completamente insano e do oportunismo de um congresso golpista.

domingo, 15 de março de 2020

Nasrudin e a peste

A Peste ia a caminho de Bagdá quando encontrou Nasrudin.
Este perguntou-lhe: 
- Aonde vais?
A Peste respondeu-lhe: 
- A Bagdá, matar dez mil pessoas.
Depois de um tempo, a Peste voltou a encontrar-se com Nasrudin. Muito zangado, o mullah disse-lhe: 
- Mentiste-me. Disseste que matarias dez mil pessoas e mataste cem mil.
E a Peste respondeu-lhe:
- Eu não menti, matei dez mil. O resto morreu de medo.
*Conto da tradição sufi.

quinta-feira, 12 de março de 2020

a ameaça e o medo



Hoje o futuro determina o presente. O mercado cai quando faz projeções econômicas negativas em um futuro próximo. É preciso vender tudo logo, antes que o preço caia mais.

Então, o desespero torna-se exponencial. Os preços caem porque todo mundo vende e todo mundo porque os preços caem. As bolsas despencam.

A queda do preço do barril de petróleo confirma e reafirma uma expectativa aeroportos fechados, escolas vazias, cancelamento de eventos, confinamento, quarentena e nenhum negócio. A possibilidade de não haverem negócios no futuro, tem um impacto absoluto da economia presente.

Entretanto, as bolsas e os barris caem; mas os preços finais não. Ninguém espera que a Petrobrás baixe o preço da gasolina porque o preço do barril caiu. Os juros caíram bastante nos últimos anos, mas ainda estão distantes de fomentar algum crescimento no PIB.

Estamos entrando em uma estagflação mundial. E o Bozo vai demitir o Guedes como bode expiatório e dizer que a culpa é do PT.


terça-feira, 3 de março de 2020

insistindo nos mesmos erros

SONHOS NO LIXO

O ato contra as instituições democráticas (convocado pelo presidente Bolsonaro através do Twitter) não é uma medida desesperada para agradar à própria bolha, é uma manobra para roubar as bandeiras de mudança da esquerda, que já prepara para engrossar o discurso liberal em defesa do Congresso e do STF.


Mas, foram o congresso e o supremo que retiraram a presidenta e colocaram a extrema direita no poder. Não há conflitos estruturais entre os poderes. Tudo não passa de uma ilusão.

A esquerda foi roubada de sua utopia, do sonho de uma sociedade institucionalmente mais justa, de um futuro mais participativo. A esquerda vai defender as velhas instituições burocráticas e corruptas do estado democrático, junto com os programas sociais e o nivelamento da renda. Todo encantamento de uma vida melhor foi roubado pelo ato inconstitucional. Só resta a dura realidade do "mal menor" e de se anular propositivamente para defender o velho.


Quando é para demarcar, a esquerda se diluí e se anula; e quando seria para unir, a esquerda se divide. A partidarização dos movimentos sociais é uma das principais causas de divisão das esquerdas. A separação das manifestações em comemoração ao oito de março, por exemplo, não atende às pautas do movimento feminista e sim às bandeiras dos partidos políticos.

De um lado, a defesa política de uma frente liberal monolítica a favor da democracia; de outro, a divisão dos movimentos sociais esvaziados pela disputa subterrânea dos partidos de esquerda.

Continua-se insistindo nos mesmos erros.