domingo, 7 de novembro de 2010

COMICON 2010

As histórias em quadrinhos, manifestação típica da cultura de massas, atingiram, ao longo de um pouco mais de um século, milhões de pessoas em diferentes culturas, transformando outras linguagens e se afirmando como fator de identidade para muitos grupos sociais.

Das artes plásticas ao cinema e à televisão, passando pelas complexas redes de comunicação estabelecidas pelo advento da internet, as histórias em quadrinhos ajudam a construir uma identidade cultural para o país.

No início dos anos 1990, o Rio de Janeiro foi palco de dois grandes eventos internacionais do gênero. Hoje, passados quase 20 anos, a cidade volta a sediar um evento internacional de quadrinhos, o Rio Comicon, que acontecerá entre os dias 9 e 14 de novembro de 2010 no Ponto Cultural Barão de Mauá – Estação Central da Leopoldina, construção de grande porte inaugurada em 6 de novembro de 1926. Ainda que o festival tenha o seu enfoque principal nas histórias em quadrinhos, ele tentará dar voz ao movimento de muitos representantes da arte pop que, através da incorporação da publicidade, de imagens televisivas, cinema e arte urbana, recusam a separação arte/vida.

O Rio Comicon 2010 é um evento formado por exposições nacionais e internacionais, palestras, debates, oficinas, ciclo de animação, documentários sobre quadrinhos, lançamentos, shows, mega-livraria de HQ, stands de produtos pop e espaços para artistas independentes.
Entre as novidades, a relação dos artistas brasileiros confirmados para a convenção: Angeli, Laerte, Ota, Rafael Coutinho, os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Ba, Rafael Grampá, Orlando Pedroso, Kako, Fido Nesti, Marcelo Lelis, Eloar Guazzelli e Lourenço Mutarelli – que recebe homenagem especial. Completa a lista o coletivo Quarto Mundo. A Rio Comicon 2010 vai ocupar a estação da Leopoldina entre os dias 09 e 14 de novembro. O site apresenta ainda informações sobre os encontros, debates, exposições e oficinas, além da biografia dos convidados, localização e um blog exclusivo. Link para redes sociais, informações para imprensa, vídeos e fotos sobre o universo HQ são outros serviços oferecidos.

Além de toda a agenda de atividades, o evento vai contar também com estandes de livrarias e produtos diversos da cultura pop, lançamentos editoriais e shows. Haverá ainda espaço para cosplay e action figure. A produção é da editora Casa 21, que traz o know how do Festival Internacional dos Quadrinhos (FIQ!) que acontece em Belo Horizonte desde 1999, sempre de dois em dois anos. Roberto Ribeiro, sócio da empresa, participou, também, da criação da Bienal Internacional dos Quadrinhos (no Rio, em 1991 e 1993; e em 1997 na capital mineira). Segundo ele, apesar da associação mais imediata com a San Diego Comic Con, a maior do gênero no mundo, a Rio Comicon vai focar no trabalho de autor, nos moldes da Napoli Comicon e da Comica, de Londres. “O termo ‘comicon’ ajuda no contato com os autores estrangeiros e põe o Rio no mapa dos eventos internacionais”, esclarece Roberto.

Pela liga estrangeira, aliás, já haviam confirmado presença os italianos Milo Manara – mestre dos quadrinhos eróticos – e o editor Claudio Curcio; os ingleses Kevin O’Neill (de “A liga extraordinária”), Melinda Gebbie (“Lost girls”) e o também editor Paul Gravett. François Boucq, Etienne Davodeau e Patrice Killofer representam a França. Confirmada, ainda, a participação do americano dos quadrinhos alternativos Jeff Newelt. Os argentinos Lucas Nine e Patricia Breccia fecham a lista.

A seleção comprova a grandiosidade do evento, que vai contar com palestras, debates, oficinas, desfile de cosplay, lançamentos e shows, além de livraria de quadrinhos e stands de produtos pop, montados na Estação da Leopoldina. Assim, a primeira edição do Rio Comicon assume ares de San Diego Comic Con, a maior do gênero no mundo. “Mas ao mesmo tempo, e a julgar pelos nomes que selecionamos, vamos seguir um viés mais autoral, nos moldes da Napoli Comicon – da qual, inclusive, Claudio Curcio é organizador – e da Comica, de Londres, idealizada por Paul Gravett”, esclarece Roberto Ribeiro, sócio da Casa 21. Ele, inclusive, é também responsável pelo Festival Internacional dos Quadrinhos (FIQ!) que acontece em Belo Horizonte desde 1999, sempre de dois em dois anos. Roberto ainda participou da criação da Bienal Internacional dos Quadrinhos (no Rio, em 1991 e 1993; e em 1997 na capital mineira). O Rio Comicon 2010 será patrocinado pela Oi.

Liga internacional
A desenhista inglesa Melinda Gebbie é a terceira confirmação internacional para o evento. Gebbie, que é casada com o lendário Alan Moore – com quem inclusive assina alguns trabalhos –, é um dos poucos nomes femininos de destaque nos quadrinhos. Sua série mais famosa, “Lost girls”, narra as descobertas sexuais de Wendy (de “Peter Pan”), Dorothy (“O mágico de Oz”) e Alice (“Alice no país das maravilhas”). Seu conterrâneo Paul Gravett é o editor responsável pelo lançamento de artistas que hoje são celebridades das HQ, entre eles, Neil Gaiman, Dave McKean, Bryan Talbot, Eddie Campbell e o próprio Alan Moore. Gravett é ainda colunista de quadrinhos, autor de livros e de documentários sobre HQ, além de organizador do Comica, o grande festival do Reino Unido.

O convite a Gravett faz parte da estratégia da Rio Comicon de promover o intercâmbio com eventos semelhantes realizados em outros países. Nesse mesmo sentido se dará a participação de Claudio Curcio, o teórico italiano responsável pela Napoli Comicon. Criador do projeto “Futuro anteriore”, dedicado à valorização de jovens talentos em quadrinhos, Curcio também administra a FactaManent, produtora cultural especializada em eventos de HQ.

Como não se faz um evento internacional de quadrinhos sem uma boa representação francesa, a Casa 21, orgulhosamente, anuncia as participações de François Boucq, Etienne Davodeau e Killofer. Boucq, apesar de não muito conhecido no Brasil, participou do corpo editorial de todas as principais revistas francesas, como “Pilote”, “Fluide Glacial” e “A Suivre”. Seu personagem mais famoso é o vendedor de seguros Jerome Moucherot, enquanto sua série mais conhecida, em parceria com o cineasta Jodorowsky, é o western “Bouncer”. Davodeau, um integrante da geração anos 90 assim como Boucq, começou no universo dos fanzines alternativos e hoje publica pela “Dargaud”, destacando sua principal característica que é a inserção do mundo real em sua obra. Já Killofer é um quadrinista ligado à contracultura francesa, além de fundador e líder do coletivo de quadrinhos independentes “L’Association”, que reúne os nomes quentes entre os alternativos (foi ali, por exemplo, que se lançou a autora de “Persépolis”, Marjane Satrapi).

Do lado de cá do Atlântico, a presença dos EUA está garantida com a participação do editor de quadrinhos alternativos Jeff Newelt, também conhecido como JAHFURRY. Especialista em webcomics e redes sociais, ele é também DJ e astro da música jamaicana nos Estados Unidos; publicitário, relações públicas da Samsung e agitador cultural do universo indie de Nova Iorque. Criou o coletivo de quadrinhos ACT-I-VATE e é editor das revistas independentes SMITH e Heeb. Desde 1990, é editor e conselheiro do célebre roteirista Harvey Pekar. Organizou o Comics Legal Defense Fund, que presta assistência jurídica para quadrinhistas independentes. Também é representante de talentosos nomes como Al Jaffe, Rick Veitch, Bryan Talbot, David Lloyd e Paul Pope. Seu projeto mais recente é o lançamento de uma graphic novel sobre os efeitos do furacão Katrina sobre a cena cultural de Nova Orleans.

Representando a turma desse lado da linha do Equador estão os argentinos Lucas Nine e Patricia Breccia. Os nomes deles podem não ser os mais conhecidos, mas os sobrenomes, certamente, sim. Lucas Nine é filho do grande ilustrador e artista plástico Carlos Nine. É o nome mais representativo da nova geração de HQ do país vizinho, colaborando atualmente com os jornais Clarin e La Nación. Patricia Breccia, por sua vez, é ‘cria’ de Alberto Breccia e segue a carreira do pai, com muito sucesso, ao lado dos irmãos Henrique e Cristina.

Mestres dos magos
No início de setembro, o Rio Comicon 2010 já havia confirmado a presença de Milo Manara e Kevin O’Neill no evento. Mestre dos quadrinhos eróticos, o italiano Milo Manara é autor da série de álbuns “Clic”, sobre um controle remoto que provoca orgasmos nas mulheres. O artista ainda adaptou para os quadrinhos alguns textos literários de Boccaccio e Jonathan Swift, além do “Kama Sutra”. Manara também é reconhecido por suas parcerias com os cineastas Federico Fellini (em storyboards e no álbum “Viagem a Tulum”) e Alejandro Jodorowsky nos álbuns históricos sobre os Bórgias. Já Kevin O’Neill está presente na mais conceituada revista inglesa de quadrinhos da atualidade, a 2000 AD. Ele é o principal parceiro de Alan Moore, com quem criou a série “A liga extraordinária” – a obra foi adaptada em 2003 para os cinemas com Sean Connery no elenco. Outra série conhecida de O’Neill no Brasil é Marshal Law, sátira dos super-herois e do governo americano dos anos 80.

Outras informações entre em contato com Renato Hermsdorff renato@belemcom.com.br, Priscilla Gonçalves priscilla@belemcom.com.br, ou ligue para (21) 3826 2490.



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