quinta-feira, 30 de maio de 2019

identidade moderna



A identidade individual moderna tem uma contradição curiosa. Ela é individual mas não se basta socialmente. Todos têm um ‘desejo de união’ à identidade que lhes seja superior. O desejo de união existe em relação ao casamento, aos grupos, à família, à comunidade, mas toma sua forma mais absurda em relação às organizações sociais.

Esse desejo de união social é a obediência voluntária às instituições, um pacto silencioso e invisível anterior à individualidade. Esse também é o Paradoxo da Democracia (de Anthony Giddens), que afirma que a democracia precisa de indivíduos para funcionar (e não ser simplesmente um pluralismo de grupos), mas que sucumbe à dispersão predominante dos interesses individuais sobre os coletivos. 

E mais: quando alguém diz “vamos colocar de lado o pessoal em função de algo maior” geralmente significa que alguma sacanagem está em curso. As instituições não são apenas impessoais, elas são sobretudo cruéis, em sua tentativa parcial de domesticar os indivíduos, cuja selvageria parcialmente ela mesma produz.

 O que fazer com esse desejo de união com 'algo superior' a si? Negá-lo seria apenas encobri-lo e poder ser por ele capturado inconscientemente. Tentar colocá-lo a serviço de uma causa justa? Cada instituição tem uma causa justa para disciplinar a individualidade parcial da identidade moderna.

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