Uma fenomenologia dos estados de consciência
A
teoria dos oito cérebros, de Timothy Leary (1961), recentemente atualizada por
Robert Anton Wilson (1987), como oito circuitos neurocerebrais. Essas teorias
dividem a cognição em duas:
A Cognição Ordinária ou o lado
esquerdo do Cérebro[1]
responsável pela cognição atual do mundo, formada por quatro circuitos
integrados: o circuito da sobrevivência (ou a Consciência), o circuito das
emoções (ou o Ego), o circuito da linguagem (ou Mente) e o circuito
sócio-sexual (ou a Personalidade). Esta cognição é, em parte, é consciente de
si e de seu contexto de formação.
A Cognição Extraordinária ou o lado
direito do Cérebro, formado por funções ainda adormecidas que correspondem às
nossas possibilidades de evolução: o circuito neurosomático, o circuito
neuroelétrico, o circuito neurogenético e o circuito neuroatômico. Também é
chamada, por vários, autores, de Individualidade, em oposição à Personalidade.
1.
Cognição Ordinária
A Consciência
equivale neste sistema à percepção sensorial da realidade, que remonta à
cognição dos invertebrados, ao 'cérebro réptil' ou à capacidade de agir
instintivamente. A neurociência atual considera que essa consciência-percepção
é produzida pelo 'Arqueocortex'.
"Este cérebro invertebrado foi o primeiro a evoluir (faz de 2 a 3
milhares de milhões de anos) e é o primeiro a ativar-se quando nasce uma
criatura humana. Programa a percepção numa espécie de codificação dividida em
coisas 'boas e nutritivas' (para as que se sente atraído) e 'perigosas e
tóxicas' (as que evita ou ataca)." (WILSON, 1987, 1)
Assim entendida, a consciência não é algo transcendente ou metafísico,
mas um circuito de informações instintivas essenciais à sobrevivência. A
consciência é o 'ser-no-mundo'. Ela não é um fenômeno em si, mas o espaço em
que os fenômenos acontecem, uma clareira em meio a um universo sombrio, uma
abertura pela qual vemos a realidade[2].
O Ego,
por sua vez, corresponde ao circuito das emoções e a uma estruturação de
identidade espacial e de uma relação de poder, de propriedade em relação ao
meio ambiente e a outros egos (alter-egos). O ego é uma estrutura de identidade
territorial, em que o animal se apossa do espaço.
"Este segundo e mais avançado biocomputador se formou quando
apareceram os vertebrados e a competição pelo território (talvez uns
500.000.000 A.C.). No indivíduo este enorme túnel de realidade é ativado quando
as cintas mestras do DNA disparam a metamorfose do arrastar-se ao andar. Como
sabem todos os pais, o menino que começa a caminhar já não é uma criatura
passiva orientada a sobrevivência biológica, mas um mamífero político, cheio de
exigências territoriais físicas e psíquicas, rápido em intrometer nos assuntos
familiares e nos objetos de decisões." (WILSON, 1987, 1)
Assim,
enquanto a Consciência corresponde à sensação de estar aqui e agora em corpo
orientado para a sobrevivência animal; o Ego orientado por afetos e desafetos é
o segundo circuito sensorial mamífero do status (atualidade-não atualidade) no
grupo ou tribo. Para a neurociência é o Paleocortex ou "cérebro
límbico". Atualmente, à identificação/negação da consciência com as formas
do mundo estrutura o que chamamos de Ego. Dentro dessa definição, há duas
formas de compreender o ego: a oriental e a ocidental. A oriental deseja que
ele seja transcendido pela consciência. Um belo exemplo atual dessa forma é a
de Eckahart Tolle:
“O ego é um conglomerado de formas de pensamento recorrentes e de
padrões emocionais e mentais condicionados que estão investidos de uma
percepção do Eu” (2002, 52-53).
Para Tolle, o Ego é o eixo do tempo/horizontal (uma sucessão de
momentos – mas o passado só existe quando nos lembramos e o futuro só existe
quando nós o imaginamos); a consciência (ou a presença, a sensação pessoal
imediata) é o eixo místico agora/vertical. A forma ocidental é ternária e
descende da ideia de que temos um demônio pessoal (o eu inferior, o instinto
animal, a criança interior) e um anjo da guarda (o eu superior); e sua grande
vantagem consiste em colocar o ego como observador tanto em relação aos
impulsos instintivos como às demandas espirituais. Nesse modelo ternário, o Ego
é um mediador externo e não há a oposição radical entre ego e consciência da
tradição oriental.
A Mente, neste
sistema, representa a organização do circuito da linguagem. Ela se formou
quando os hominídeos começaram a se diferenciar dos demais primatas (uns 4-5
milhões A.C.) e é ativado quando o menino, já maior, começa a administrar
utensílios e a linguagem de forma própria. Para Wilson, a ...
(...) "impressão desses três circuitos determina, aproximadamente
à idade de três anos e meio, o grau e o estilo básicos de
confiança/desconfiança que coroaram a 'consciência', o grau e estilo de
truculência/sujeição que determinaram o status do 'ego', e o grau e estilo de
perícia/deselegância por meio do que a 'mente' manejará instrumentos ou
ideias." (1987, 2)
E,
assim, do ponto de vista evolutivo, a Consciência é basicamente invertebrada,
flutuando passivamente para a alimentação e a proteção do perigo; o Ego é
mamífero, sempre lutando pelo status dentro da ordem tribal do grupo; e a Mente
é paleolítica e formadora da cultura humana e confrontando-se com a vida
através de uma matriz de instrumentos e de simbolismos. A neurociência chama de
'Neocortex' à porção de 85% da massa cerebral que desempenha essas funções.
Pode-se dizer que o ego é formado pela fala e a mente, pela escrita (pelo
pensamento abstrato, descontextualizado).
Osho
usa uma metáfora interessante, dizendo que a Mente é um espelho, coletivo e
externo, e o Ego é nosso reflexo, circunstancial e efêmero, neste suporte no
qual nos vemos indiretamente, uma vez que nos recusamos a olhar frente e a
frente para nós mesmos (OSHO, 2004, 62).
Ambos,
no entanto, mente e ego, são estruturas de identidade construídas por nós (por
nossa consciência) através dos outros.
A 'Personalidade
adulta' ou 'quarto cérebro' é, para Leary/Wilson, a estrutura psíquica que
organiza o circuito sócio sexual, é típico do Homo Sapiens.
Este quarto cérebro se formou quando os grupos de hominídeos evoluíram
para sociedades e programaram comportamentos sexuais específicos para seus
membros, uns 30.000 a.C. É ativado na puberdade, quando os sinais de DNA
desencadeiam a liberação glandular de hormônios sexuais e se inicia a
metamorfose ao estado adulto. Os primeiros orgasmos ou experiências de
acoplamento imprimem um rol sexual característico que, novamente, é gerado de
forma bioquímica e permanece constante durante toda a vida, a menos que alguma forma
de lavagem de cérebro ou reimpressão bioquímica o altere (1987, 3).
Não
existem estudos neurocientíficos sobre onde e como essa atividade psíquica se
desenvolva. Aqui se considera que a Personalidade é um circuito de sinapses
cerebrais que coordena as relações entre a Consciência, o Ego e a Mente. A
personalidade assim entendida é também uma máscara, uma persona, atrás da qual
se esconde uma individualidade psíquica formada pelos circuitos da cognição
extraordinária.
Nos
meios esotéricos chama-se de Personalidade a este ‘eu falso’, construído a
partir do medo e das exigências da socialização, e de Individualidade ao ‘eu
verdadeiro’.
A
função da Personalidade é interpretar a Individualidade e não a esconder ou
reprimir. É como uma vitrine que apresenta ao conteúdo da loja, não adianta
quebrá-la ou subtraí-la, é preciso reorganizá-la. Atores e atrizes de teatro
costumam ‘se trabalhar’ escolhendo personagens semelhantes aos de suas
personalidades, como uma forma de reinterpretá-los e superá-los, lapidando sua
individualidade.
Também
se pode pensar na Personalidade como os 40% da identidade pessoal que pode ser
modificada (as sinapses móveis entre os neurônios) e na Individualidade como o
que não se pode mudar (os circuitos cerebrais fixos, que se formam ao longo da
vida).
De toda
forma, a Personalidade é uma estrutura de identidade construída pela
consciência através do medo externo (o Ego) e de um espelho para se ver através
dos olhos dos outros (a Mente). A consciência vive no fundo da caverna e
projeta a personalidade como fachada para o lado de fora.
2.
Cinema e percepção
O
místico Ramana Maharshi (1972) desenvolve uma analogia entre cinema e
percepção, em que se observa o processo cognitivo descendente, do abstrato para
o concreto.
CINEMA
|
PERCEPÇÃO
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DIMENSÃO COGNITIVA
|
A luminosidade
acessa ou ausente.
|
A consciência
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A CONSCIÊNCIA
|
A lâmpada no
interior do equipamento
|
O Eu superior,
self ou esfera luminosa.
|
|
A lente diante
da lâmpada
|
A Mente
Coletiva
|
A MENTE
|
A luz da
lâmpada atravessa lente formando um foco
|
A Consciência
se projeta através da mente gerando a atenção e o tempo contínuo.
|
O EGO
|
A luz que
atravessa a lente e ilumina a tela
|
A Consciência
atravessa a Mente e o Ego formando uma Personalidade ou um eu observador (ou
jiva).
|
O EU OBSERVADOR
OU A PERSONALIDADE
|
A película, as
memórias externas gravadas e enviadas de fora.
|
A imaginação
simbólica, o fluxo das imagens narrativas, arquétipos, memórias.
|
A LINGUAGEM
SIMBÓLICA
|
Os vários tipos
de imagem na tela
|
Várias formas e
nomes, que surgem como objetos percebidos à luz do mundo.
|
A REALIDADE
HOLOGRÁFICA
|
Projetor de filmes
|
Corpo
|
REALIDADE
EXTERIOR
|
Em um primeiro momento, a Consciência
é a percepção. Representa a luz que projetada sob diferentes objetos. Se
prestarmos atenção ao que vemos, os olhos se iluminam; se buscarmos perceber os
sons, a consciência se focara em nossa capacidade auditiva; e assim por diante.
Nesta analogia, a consciência é a atenção que se desloca segundo nossa
percepção seletiva.
Assim, como a luz é produzida por uma
lâmpada, a consciência é produzida por um suporte, de uma esfera luminosa, o Self,
Eu superior ou centelha divina. E este é o segundo momento da comparação de
Mararshi. O terceiro momento desta analogia consiste na lente que a luz da
lâmpada transpassa na projeção de um filme e a Mente Coletiva e externa
por onde consciência do Self passa ao perceber as diferentes dimensões
(racional, sentimental, sensorial) da realidade. A mente aqui não é individual,
e sim um filtro social, intersubjetivamente construído.
No quarto momento do processo, a
Consciência projeta sua luz através da Mente Coletiva com assertividade,
formando um foco, um centro direcional da consciência imediata chamado de
'atenção'. A criação do Ego, este centro de direcionamento da
consciência, cria também o tempo contínuo, a narrativa do passado e as
esperanças futuras.
No quinto passo da analogia de Maharshi
surge a comparação entre a projeção do filme e o "Observador", isto
e, um eu-foco formado para observar o pensamento, a mente e as percepções da
consciência. Este observador é um determinado enquadramento autoconsciente que
criamos para nos tratar na terceira pessoa e existe em várias meditações. Nesse
ponto também se pode localizar a Personalidade – uma vez que apenas uma minoria
observa ao próprio filme, preferindo simplesmente projetá-lo. Portanto,
desenvolver um 'Eu Observador' ou um 'Eu Exibidor' (a Personalidade) vai
depender da consciência em relação ao Ego e à Mente.
No sexto nível da analogia, surge um
elemento externo: a película. E, internamente, os fotogramas do filme projetado
correspondem às variadas formas mentais (arquétipos, memórias, imagens) que
formam o pensamento e a imaginação simbólica. Agora, percebe-se que realidade é
semelhante à projeção das imagens na tela do cinema. A diferença é apenas no
modo de representação: no cinema as imagens são projeções bidimensionais; e a
realidade é holográfica e solida. Mas, também, tanto no cinema como na
percepção, há as imagens de referências externas (sensoriais, mentais,
emocionais); há imagens produzidas pela memória, outras pela imaginação. O
sétimo nível da percepção, então, é a interpretação seletiva das imagens, em
que classificamos involuntariamente os diferentes itens de nossa percepção.
E finalmente, há o mecanismo responsável pela
projeção das imagens, a máquina ou o corpo. Este mecanismo recebe as imagens
automaticamente e não tem consciência plena de seu significado. Chama-se aqui
essa instância de espaço exterior. O importante nessa analogia entre cinema e percepção é visualizar
o processo cognitivo em seu conjunto em sete etapas sucessivas: a consciência
(a luz e o self), a mente coletiva, o ego, o observador/personalidade, a
linguagem simbólica, a realidade interior e a realidade exterior.
3. Cognição extraordinária
Esses
modelos são apenas algumas das várias fenomenologias dos estados de consciência
possíveis. Estudando várias tradições religiosas diferentes, Ken Wilber (2006,
272-273) oferece um modelo de analogia universal das fenomenologias
quaternárias, a partir das categorias de corpo, mente, alma e espírito.
Gurdjieff
afirma que a personalidade é construída horizontalmente através do tempo e a
individualidade, pela experiência vertical da eternidade. Horizontalmente,
somos todos iguais, nivelados pela morte; porém, há alguns que vivem o presente
de modo mais profundo. Os animais vivem suas vidas horizontalmente, apenas
alguns homens, ao entrar em contato vertical com a eternidade, adquirem uma alma
(OUSPENSKY, 1980, 89).
Nessa
perspectiva, o homem só constrói uma individualidade quando ativa os circuitos
cerebrais da cognição extraordinária. Conhecendo a si mesmo, "somos mais e
mais capazes de acelerar nossa própria evolução" - acredita Wilson, propondo
que enquanto os quatro circuitos do lóbulo esquerdo (Consciência, Ego, Mente e
Personalidade) contêm as lições aprendidas de nossa biografia e presentes
(pessoal e coletivo); os quatro circuitos do lóbulo direito (Neuro-somático,
Neuro-elétrico, Neuro-genético e Neuro-atômico) é um verdadeiro anteprojeto
evolutivo de nosso futuro.
O circuito
neuro-somático entra em atividade quando o sistema nervoso percebe sua
capacidade de lúdica e compreensiva. Este "quinto cérebro" surgiu faz
uns 4.000 anos nas primeiras civilizações do ócio. Quando ativado, este
circuito produz uma conexão hedonista, uma diversão extática, um desapego de
todos os anteriores mecanismos compulsivos dos primeiros quatro circuitos.
Leary
achava que essa sensação, no momento evolutivo adequado, desencadearia uma
mutação neuro-somática ou uma desprogramação nos mecanismos de manutenção da
Cognição Ordinária. Também se pode associar essa auto percepção somática como
um estado propiciar de regeneração orgânica, quando entramos em um estado de
consciência que "nos cura" através da compreensão e da adaptação às
situações.
Já o circuito
neuro-elétrico entra em atividade quando o sistema nervoso descobre sua
função de meta programação, atuando como um tradutor universal das linguagens
ao um padrão binário de uma linguagem primária.
Enquanto
o circuito neuro-somático havia uma mudança de comportamento pela adaptação
passiva, a cognição neuro-elétrica é propositiva e há uma mudança existencial
por reprogramação ativa.
Para
Leary ...
" (...) o sexto cérebro consiste no sistema nervoso sendo
consciente de se mesmo, independentemente dos mapas de realidade impressos
cognitivamente (circuitos I-IV), e até mesmo independentemente do êxtase
corporal (circuito V) e suas características (...) são: a simultaneidade, a
eleição múltipla, a relatividade e a fusão instantânea de todos os sentidos em
universos paralelos de possibilidades alternativas."
O circuito
neuro-genético é ativado quando o sistema nervoso começa a receber sinais
do interior do genoma individual, por meio do diálogo DNA-RNA. Aqui o Ser se
torna consciente de seu Destino. Para Leary, esta mutação leva a diferentes
tipos de experiências "fora do corpo": "recordações de vidas
passadas", "projeções astrais", etc. Wilson associa esse
circuito ao "inconsciente coletivo" de Jung e ao "inconsciente
filogenético" de Groff e Ring.
E o circuito
neuro-atômico é ativado quando o sistema nervoso é percebe sua fonte de energia
quântica, a luz e a ideia de espaço-tempo são eliminadas. A barreira
einsteiniana da velocidade da luz é transcendida e escapamos da realidade
eletromagnética das coisas e dos objetos para viver em um universo relacional.
Para Leary, a "consciência atômica" é a conexão explicativa máxima do
homem, que no futuro unirá a parapsicologia e a metafísica na primeira teologia
científica, empírica e experimental da história. E para Wilson, "o
'cérebro' cósmico inteiro micro-miniaturizado na hélice do DNA, é a
inteligência local guiando a evolução planetária."
Neste
modelo, a cognição ordinária é composta por quatro circuitos neurológicos e a
cognição extraordinária é construída, hipoteticamente, por quatro circuitos
sinápticos possíveis. Cada circuito extraordinário corresponde ao
desenvolvimento de um circuito da cognição ordinária.
4. Modelo biográfico
Segundo os chineses, em uma vida “há 20 anos para crescer/aprender, 20
anos para lutar e 20 anos para alcançar a sabedoria”. A psicologia biográfica
subscreve esta afirmação e ainda subdivide em setênios (períodos de sete anos)
cada uma destas três grandes fases.
Na primeira fase, do nascimento até os 21 anos, observa-se a formação
do corpo e da personalidade em três etapas: até os sete anos, dos oito aos 14 e
daí a maturidade. Cada uma dessas etapas de sete anos corresponde a um
determinado estágio de desenvolvimento do corpo e da personalidade e a passagem
de uma etapa para outra implica em uma crise e uma adaptação. Ao final dos sete
anos, a criança vive uma crise de socialização; aos 14, a crise da sexualidade;
e aos vinte a crise de identidade.
Da mesma forma, a psicologia biográfica subdivide a fase adulta
(21-42) e fase madura (42-63) em três etapas de sete anos cada, com crises de
transição. Enquanto nos primeiros três setênios da vida o indivíduo vive um
predomínio dos fatores biológicos sobre os subjetivos, ele terá também um
período igual em que há um equilíbrio e um período de decadência biológica e
oportunidade espiritual a partir dos 42 anos de idade.
Neste último período, há um predomínio dos fatores subjetivos sobre os
biológicos e as crises (ou mudanças cognitivas) são simétricas aos setênios da
juventude. Dos 43 os 49, retornamos aos 14-21; dos 50 aos 56 de volta aos 7-14;
e, finalmente, dos 57 aos 63, o período dos zero aos sete anos.
FASE
|
SETENIO
|
CRISE
|
FORMAÇÃO
0 -21
|
0 –7
|
Crise de Socialização
|
8 – 14
|
Crise de Crise de Identidade
|
|
15 – 21
|
Crise de Sexualidade
|
|
PLENITUDE
22 -42
|
21 – 28
|
A alma da sensação
|
29 – 35
|
A alma do intelecto
|
|
36 – 42
|
A alma da consciência
|
|
DECLÍNIO BIOLÓGICO
43 -63
|
43 – 49
|
Segunda crise de sexualidade
|
50 – 56
|
Segunda crise de Identidade
|
|
57 – 63
|
Segunda crise de socialização
|
Esse modelo biográfico, inspirado nas ideias da
Antroposofia de Rudolf Steiner (BURKHARD, 2000) pode ser comparado ao modelo
dos oito de Leary/Wilson.
No modelo
biográfico, aos 42 anos, há a possibilidade de construir uma alma imaginativa
(ou manas) a partir do corpo astral (ou de reconstruir os aspectos emocionais
da personalidade construídos na adolescência); corresponde ao circuito
neuro-somático.
O circuito
neuro-elétrico corresponde à possibilidade de desenvolver, aos 49 anos, uma
alma inspirativa (ou buddhi) a partir da mente (ou de repensar os aspectos morais
adquiridos dos sete aos 14).
Aos 56, há possibilidade de formar uma alma
intuitiva (ou atma) a partir do corpo vital (ou de reviver os aspectos mais
profundos da formação da personalidade, moldados durante a primeira infância) –
o que corresponde ao circuito neuro-genético.
E, finalmente, o circuito neuro-atômico
corresponde à consciência quântica, ao nagual.
Personalidade
(Cognição Ordinária)
|
Individualidade
(Cognição Extraordinária)
|
o circuito da sobrevivência (ou a
Consciência) Corpo Físico
|
o circuito neuroatômico Espírito, o
nagual, o eu quantico
|
o circuito das emoções (ou o Ego)
Corpo Vital ou duplo etéreo (00-07)
|
o circuito neurogenético Alma
Intuitiva ou Atma(56-63)
|
o circuito da linguagem (ou Mente)
Veículo Mental (07-14)
|
o circuito neuroelétrico Alma
Inspirativa ou Buddhi (49-56)
|
o circuito sócio sexual (ou a
Personalidade) Corpo Astral (14-21)
|
o circuito neurosomático
Alma Imaginativa ou Manas(42-49)
|
Há um espelhamento dos três aspectos (motor,
mental e emocional) da Personalidade entre a primeira e a última das etapas da
vida. Ao invés do desabrochar potencial de várias almas a partir dos diversos
corpos esotéricos, pensa-se aqui em termos de desenvolvimento de circuitos
cerebrais da consciência e da reforma da Personalidade. Mas é apenas uma
diferença de linguagem. O importante é a consciência
das etapas e fases da vida, das crises etárias e possibilidades de mudanças
pelas quais todos passam. E, é claro, das estratégias e objetivos de vida que
traçamos para cada fase.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BURKHARD, Gudrun. Tomar a vida nas próprias mãos
- Como trabalhar a própria biografia o conhecimento das leis gerais do
desenvolvimento humano. São Paulo: Editora Antroposófica, 2000.
LEARY, Timothy. As sete línguas de Deus. New York: Thompson and
Brothers, 1961.
OUSPENSKY, P. D. Fragmentos de um ensinamento
desconhecido - Em busca do milagroso. Coleção Ganesha. São Paulo:
Pensamento, 1980.
OSHO Osho de A a Z – um dicionário espiritual do
Aqui e Agora. Tradução de Carlos Irineu Costa. Rio de Janeiro: Editora
Sextante, 2004.
TOLLE, Eckhart. O Poder do Agora – um guia para
iluminação espiritual. São Paulo: Editora Sextante, 2002.
WILBER, Ken. Espiritualidade
Integral – uma nova função para religião neste início de milênio. Tradução
Cássia Nassser. São Paulo: Alef, 2007.
WILSON, Robert Anton. Os sete
cérebros de Leary. Fragmento de texto na internet, tradução anônima,
original datado de 1987.
[1] Para
saber tradicional, em que o (sujeito) observador é o (objeto) observado, o
racional é o lado direito e o esquerdo, o lado mais emotivo. Para o saber
científico, em que o observador é externo, a relação é invertida: o lado
esquerdo é que é o racional; e o direito, o emotivo.
[2]Além da
dimensão perceptiva, a Consciência tem
também uma dimensão moral, que leva em conta os valores que a
contextualiza. Ser consciente
não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo, mas Ser no mundo e do
mundo, referenciando a percepção em valores construídos culturalmente. Alguns
filósofos chamam de consciência fenomenal
à experiência da percepção, e de consciência
de acesso ao processamento das coisas que vivenciamos durante a
experiência. O desenvolvimento
perceptivo da consciência se dá através do treinamento da Atenção. O
desenvolvimento ético da consciência só é possível através de sucessivas
mudanças de valores.
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