domingo, 7 de março de 2021

práticas sociais

 

O QUE É UMA PRÁTICA SOCIAL?

Prática é o oposto que teoria ou conhecimento abstrato. É o concreto. “Razão prática” para Aristóteles e Kant é um saber não orientado por normas explícitas. É o domínio da ética e da ação real, do não-discurso, do empírico.

Fala-se das práticas educativas ou das práticas médicas para significar as atividades e os comportamentos convencionais dos professores, dos médicos e enfermeiros, e não para referir os saberes pedagógicos e científicos que lhes estão associados. Neste sentido, as práticas educativas, as práticas médicas, as práticas religiosas, as práticas políticas ou as práticas económicas são realizadas por indivíduos (e não por classes sociais e/ou instituições) e estão ligadas a formas de fazer, a competências, etc. O termo 'práticas sociais' aqui é equivalente ao de 'atividades' regulares e semi convencionais das pessoas em determinada situação profissional ou ocupacional.

Marx pergunta: “são os homens que fazem a história ou a história que fazem os homens?” E ele mesmo responde que a práxis como dialética entre a ação social e a estrutura social. Segundo essa perspectiva, antes de Marx só havia Idealismo (os homens fazem a história) e mecanicismo (a história faz os homens).

A Ação social é o objeto conceitual da sociologia definido por Max Weber. Objeto ativo e reativo ao contexto, mas declaradamente idealista, em virtude do Método do tipo ideal - que abstrai várias realidades para construir modelos. Classificação de tipos de ações sociais: ações racionais com relação a valores (a ética da convicção); ações racionais com relação resultados (a ética da responsabilidade); ações irracionais afetivas; e ações irracionais tradicionais. Também definiu a noção de 'interação', ação mútua e recíproca.

Alfred Schütz se preocupou em analisar o problema da constituição intersubjetiva do significado da ação social. A inter-ação entre Eu e o Outro. A etnometodologia de Harold Garfinkel, Erving Goffmann e do interacionismo simbólico mantem o foco da ação social na microsociologia. Há também a teoria da escolha racional e a teoria dos jogos que partilham de base comum.

Antonio Gramisc traz de volta o foco para macro sociologia e para tema da práxis definido por Marx. O agir é a prática consciente individual, o fazer é a prática involuntária e coletiva. A práxis, a revolução, é a união do agir com o fazer, quando os homens agirem sob a história que fazem e que os fazem.

Habermas distingue entre as ações instrumentais (econômicas), as ações estratégicas (políticas) e as ações comunicativas (interações sociais).

Com a teoria de Pierre Bourdieu um novo conceito é introduzido na sociologia para refletir sobre a conduta humana: trata-se do conceito de prática social (termo retirado do conceito de práxis social de Karl Marx).

Para Bourdieu as práticas sociais tendem a se conformar a esquemas de percepção e ação que são incorporados pelos indivíduos em seu processo de socialização. Esses esquemas prévios de comportamento são chamados por ele de habitus. O habitus é incorporado pelos agentes, 'naturalizando' as práticas sociais.

As práticas sociais equivale a uma ação social recorrente e semi involuntária, tanto em relação aos indivíduos e ao micro espaço cotidiano quanto dos agentes coletivos em relação à sociedade como um todo. Mas, sempre com ênfase auto organização social. As práticas sociais surgem como a forma pela qual os homens interagem entre si e com o meio ambiente.

Trata-se, por exemplo, do estudo das práticas religiosas dos crentes e não do estudo das instituições religiosas; do estudo das práticas dos jurados no tribunal e não do sistema jurídico; do estudo das práticas de ensino e não das instituições de ensino.

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