domingo, 21 de outubro de 2018

história da desonestidade


A corrupção no Brasil não começou com PT

Há várias explicações teóricas para desonestidade brasileira. Gilberto Freyre, Raymundo Faoro, Roberto Damatta e Sérgio Buarque de Hollanda consideram-na uma herança portuguesa. Cada um aponta causas e diferenças interpretativas. Freyre acredita que a família patriarcal, anterior ao Estado e ao mercado, é a institucionalização arcaica do afeto. Faoro compara as elites brasileiras ao ‘modo romano’ dos navegadores lusitanos, em que o estado é privatizado por dentro. Damatta elabora a ‘teoria do jeitinho’ a partir da separação cultural entre pessoa e indivíduo. Holanda defende a noção de ‘homem cordial’ em que as decisões nunca são racionais e o espírito público simplesmente não existe.

“Quem furta um pouco é ladrão. Quem furta muito é barão. Quem mais furta e mais esconde, passa de barão a visconde” – é uma anedota popular sobre o barão de São Lourenço, um picareta da corte do D. João VI.

A corrupção imperial foi criticada pela república. Vargas fez uma revolução contra a corrupção da velha república. Carlos Lacerda, governador da antiga Guanabara nos anos 50, chamava a corrupção do Estado Novo de “mar de lama” envolvendo a Petrobrás. Jânio Quadros se elegeu com uma vassoura, para varrer a corrupção legislativa.

Durante a ditadura houveram muitas obras faraônicas e propinas encobertas[1], gerando o mito de que durante esse período as coisas foram diferentes.[2]

Na nova república, Sarney comprou um ano de mandado presidencial à assembleia constituinte através da concessão de rádios e TV para os deputados e senadores (gerando a atual simbiose entre a classe política e o empresariado de comunicação). Nessa época, havia os sete anões do orçamento, espinha dorsal da corrupção. Um deles, João Alves de Almeida, lavava de dinheiro através da loteria, jogando mais do que ganhava. Ganhou 200 vezes e se dizia, cinicamente, um homem abençoado por Deus.

Então veio Collor. E depois dele, FHC que comprou a própria reeleição a luz do dia, com várias denúncias comprovadas que foram anistiadas e engavetadas. O patrimônio acumulado pelo ex-presidente é um mistério, mas sabe-se que ele tem vários imóveis adquiridos no período no exterior (Paris, Nova Iorque) e que nunca foram declarados à receita. E todo mundo sabe disso.

Chegamos finalmente ao Mensalão do PT, à Petrobrás, ao BNDES e aos famigerados aeroportos e estádios de futebol construídos para Copa do Mundo.

Se compararmos os valores, principalmente os referentes ao enriquecimento, há uma grande queda. Temer – para se manter na presidência – deu pelo menos dois ‘tríplex do Guarujá’ para cada deputado/senador. O que Bolsonaro gasta com whattsapp no primeiro turno dá para um ano de mensalão petista. Outro exemplos podem ser dados a exaustão.

Isto não significa que Lula seja inocente, mas que merece um julgamento justo – pois o que se viu foi que o verdadeiro agente da corrupção institucional brasileira (o MDB) praticamente saiu ileso, fazendo do PT seu bode expiatório. Um julgamento justo, não apenas com provas judiciais verdadeiras, mas também com a auditoria da dívida pública.

Eis porque votar em Haddad, 13, apesar de discordar do PT.

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