sábado, 10 de novembro de 2018

UM NOVO EQUILÍBRIO DOS PODERES?


Acabou a Nova República, período histórico que começou com a morte do presidente Tancredo Neves, foi estruturado pela Assembleia Constituinte de 1988 e caraterizado pelo predomínio fisiológico do PMDB, encoberto pela disputa ideológica entre o PT e o PSDB.

A principal característica da Nova República foi o predomínio do poder legislativo sobre o executivo e o judiciário – através do dispositivo que permite, por maioria de 2/3, o Congresso legislar matérias constitucional e o presidencialismo de coalização (na verdade, o parlamentarismo disfarçado), com a indicação não apenas de ministros e de todos os cargos da administração federal direta e indireta.

Três pontos econômicos são exemplos desta transição: a reforma tributária, o orçamento da união e a política de crédito.

Novos Tributos

As três propostas de reforma tributária que o governo estuda não se excluem e são resultado de investigações antigas, visando a diminuição do número dos impostos. É provável que sejam combinadas em uma única proposta.

A federalização do ICMS e sua mudança de incidência da produção para o consumo (o IVA) vai encontrar uma séria resistência de todos governadores.

Também, os bancos não gostam da ideia do imposto sobre cheque para substituir a bitributação dos produtos (como IPI).

Também é preciso avisar ao Paulo Guedes que a reforma tributária só entrará em vigor em 2020, mesmo que venha em um pacote econômico à moda antiga.

Obras Públicas

O orçamento da união é a espinha vertebral da corrupção política brasileira, em torno do qual tudo orbita. Os orçamentos estaduais e municipais refletem e reproduzem essa mesma prática fisiológica em torno do planejamento estratégicos das verbas das obras públicas.

No início de novembro, o senador Eunício Oliveira chamou o futuro ministro da economia Paulo Guedes para discutir o orçamento. Guedes disse que não o faria, preferia fazer o próprio orçamento no começo do ano.

Pela lei tributária, não se pode propor gastos ou receitas dentro do mesmo exercício. Tanto orçamento quanto novos impostos precisam ser votados no ano anterior.

O orçamento da união era feito pelo ministério do planejamento e enviado para o congresso no presidencialismo anterior à constituinte. No parlamentarismo e no Brasil pós constituinte passou a ser feito pelo próprio congresso e o governo pode apenas liberar ou não a verba orçamentada. Nos dois casos, sempre houve muita corrupção para aprovar emendas específicas, prover aumentos salariais (como esse do judiciário), programar projetos de interesses regionais, privados ou do próprio estado.

Realmente assusta o fato do Guedes não saber de nada disso.

Dinheiro e juros

A aprovação do cadastro positivo e da lei do distrato; e a revisão da lei de falências - são três propostas dos próprios bancos para baixar os juros. Se o Paulo Guedes seguir realmente o modelo da escola de Chicago deveria abrir novas carteiras bancárias (chamando outros bancos internacionais) para aumentar o volume de capital, diminuir a dívida pública e assim baixar os juros através da competição de crédito. Mas é claro que ele não vai fazer isso, porque entraria em guerra com o capital financeiro nacional.


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