sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Escola sem Democracia?

Sou um professor de comunicação, mestrado e doutorado em sociologia. Minha forma de ver o mundo é ancorado no pensamento de Anthony Giddens (social democrata, membro do partido trabalhista britânico e elaborador da política de terceira via) e Manuel Castells (anarquista catalão, autonomista, que defende a auto organização em redes). 

Para a ideologia da direita, faço parte do 'marxismo cultural' (um eco-esquerdista que enfatiza as bandeiras identitárias); para o pensamento de esquerda, sou uma nova direita disfarçada (que diz que os termos 'direita' e 'esquerda' estão ultrapassados). 

É impossível dar aula e não falar sobre 'Marx', 'fascismo' e outros temas políticos. O professor deve ensinar a pensar com a liberdade de espírito crítico. No Brasil atual, as igrejas têm partido, o exército tem partido, os juízes tomam partido, mas a direita quer que o professor e as escolas sejam neutras. O projeto 'Escola sem partido' reduz a liberdade de cátedra à doutrinação.  

Segundo Edgar Morin, a doutrina é um sistema de ideias fechado; e a teoria, um sistema de ideias aberto. Doutrinação existe nas igrejas e nos quartéis. Na escola, existe pesquisa e debate sobre a realidade, transmissão crítica de conhecimento e de experiência de vida. A democracia é um método de viver institucionalizado pela escola. 

Difícil mudar isso. 

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