terça-feira, 8 de setembro de 2020

Ou vai ou fica

Éramos todos um, mas veio a genética e nos separou. Ganhamos corpos diferentes, cada um com sua cor, tamanho e detalhes variados.

Então, a religião nos desligou. Nossa consciência se apartou da fonte espiritual. Ficamos cegos e precisamos ter fé em crenças para manter a confiança. E as crenças se enraizaram nos corpos e as diferenças, então, cristalizaram.

A política nos dividiu por interesses e o dinheiro nos classificou segundo as necessidades. Juntos e misturados, vivemos em conflito permanente de posses e poderes.

E assim acordamos no mundo. Sabendo que um dia fomos um e que agora somos muitos; que a unidade está perdida na diversidade; que há uma luz escondida na pluralidade manifesta em uma guerra contínua de identidades parciais.

Há os que desejam verticalizar, voltando ao Eu comum; como também existem os que desejam ficar e multiplicar ainda mais os horizontes democráticos de Ser.

Eis aqui o motivo da guerra atual: uns querem voltar; outros, ficar. No entanto, não há motivo para briga, pois o destino deixará, tanto a um como ao outro, voltar e ficar, segundo sua vontade e a capacidade de seu querer.

Meu drama é minha indecisão.

Ficar significa deformar-me ainda mais, reencarnar fragmentado em diferentes bichos selvagens e habitar as profundezas brutais da matéria dura. Continuar colonizando a vida através da violência e do sofrimento, continuar aprendendo a agonia do tempo.

Voltar significa perder-me no esquecimento, queimar a consciência como combustível da luz estelar que clareia o mundo. Volta sem volta, liberdade e morte do espírito. Retorno ao indiferenciado, ao nada eterno dentro de cada infinito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário