O que é Escola?
Escola, como todos sabemos, é uma
instituição de ensino. Entre as instituições de ensino, ele especifica aquelas
voltadas para formação básica, seja na educação infantil, seja em alguns ofícios
profissionais (escola de belas artes, escola militar, etc).
A escola é uma instituição recente
e latina. Na idade média, só se lia e escrevia em latim. Ninguém sabia escrever
na língua falada. A alfabetização dos países protestantes se deu dentro de
casa, aprendendo a ler a bíblia. Enquanto o mundo protestante aprendia dentro
de casa, as escolas ligadas à igreja passaram, depois de um bom tempo, a
instrução do alfabeto das línguas faladas. A missão social da escola como
instituição moderna seria a alfabetização e a memorização das quatro operações
matemáticas básicas.
A Escola de Sagres (1417),
enquanto um projeto progressivo e sistemático de acumulação de conhecimento
voltado para navegação e para geografia, é um marco importante na história da
humanidade. A escola moderna também se baseia na pesquisa do que ainda não se
sabe e não apenas na repetição do já conhecido.
A sociologia da educação clássica
(Durkheim, Parsons, entre outros) definiram a ‘socialização’ como principal
objetivo ou função da escola. ‘Socializar’ significa preparar indivíduos
relativamente autônomos para sociedade. Os críticos enfatizam a massificação, a
uniformização industrial das pessoas. Os encantados sonham com o cultivo de
seres criativos, singulares, preparados para solução dos problemas que
encontrarem na vida. A ideia básica, no entanto, é a mesma: a escola forma para
sociedade (ou para o mercado).
A sociologia da educação
contemporânea também pensa a escola sob a duas óticas.
Foucault e Bourdieu
Também há discursos críticos atuais
que pensam a escola como uma instituição de disciplina e controle, que inibe
mais do que enriquece o desenvolvimento ser humano.
Em Vigiar
e Punir (1987) Michel Foucault apresenta a escola é uma instituição de
confinamento da sociedade disciplinar, e, assim como a fábrica e o hospital,
funciona sob o design modelo da instituição penitenciária, o panóptico, um
regime de visibilidade em que o carcereiro vê todos os presos isolados. Essa
centralidade do poder em relação aos dominados pode ser vista na imagem do
professor falante diante de uma sala com filas de cadeiras de estudantes
passivos. E o objetivo das instituições de confinamento é adestramento dos
corpos em relação aos desejos; é impor rotinas de vida uniformizadas,
produzindo o cotidiano como cultura.
Mesmo sem conhecerem a internet, Foucault
e Deleuze (1992) decretaram que estamos saindo da sociedade de disciplina
para uma sociedade de controle “em redes a céu aberto”, baseada em cifras e
senhas. Nesse novo modelo, as instituições de confinamento (entre elas, a
escola) tendem a desaparecer do ponto de vista territorial e/ou a se
transformar em novas formas organizações descentralizadas de interação à
distância.
Outra visão crítica importante é
a de Pierre Bourdieu, principalmente no A Reprodução – Elementos para uma teoria do
sistema de ensino
(2014). Para ele, a escolar tem uma dupla função: a) transmitir capital
cultural entre as gerações e b) reproduzir e ampliar as desigualdades sociais
entre as classes.
A escola manifesta uma
‘indiferença às diferenças’ no processo de transmissão do capital cultural.
Todos são tratados como ‘iguais’ embora sejam ‘diferentes’. Esse enquadramento
simbólico de todos à igualdade é um fator violento de desqualificação da
maioria. A uniformização das diferenças é uma violência simbólica. A noção de
violência simbólica vem do consentimento dos dominados. Ela é uma imposição dos
dominantes diante da submissão voluntária dos dominados.
No caso da escola (pública e
gratuita) francesa estudada, Bourdieu argumenta que transmissão primária de
capital cultural é feita dentro da família e que a educação escolar é uma
transmissão secundária que amplia o capital daqueles que os já detém e que
desqualifica a maioria que dele carece. Assim, ele reforça culturalmente uma
desigualdade social já existente.
O interacionismo simbólico
E há discursos encantados e
encantadores, como o interacionismo simbólico, que consideram a escola como um
filtro entre a sociedade e o eu, um ninho, um espaço protegido voltado para o
desenvolvimento do Self, a partir das interações entre o ego e o outro. O
objetivo principal da educação nessa versão é aprender a se colocar no lugar
dos outros. A escola é um lugar encantado e encantador por excelência.
Mente, self e a sociedade (do Ponto de
Vista de um behaviorista social)
George Herbert Mead é o
principal do interacionismo simbólico de crítica a Skinner e ao
comportamentalismo. Ele não nega,
assimila o adestramento animal do corpo através de reforços e castigos,
submetendo-o a consciência moral do Self, construído através da escola.
As novas tecnologias reforçam
essa tendência anglo-saxã de considerar a escola (e/ou o professor) como algo
desnecessário? O aprendizado “sem paredes” é o mesmo que "sem mediação"? Como é a adaptação (a real e
a ideal) da escola à sociedade em rede?